quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O Filho Pródigo

O Filho Pródigo - Emile Salome

Senhor, eis-me aqui!
Por oblíquas e emaranhadas que sejam
as voltas que ponteio pensando ser linha reta,
Mil vezes aqui me encontro:
 - O bom filho na casa paterna.

Andei léguas, percorri distâncias,
Pensando alcançar o mundo.
Ledo engano, tudo que via era a ti.
Eis-me aqui. Do teu julgo não achei abrigo,
Fostes tu que me acompanhaste? ou teu olho levei comigo?

Tranquiliza teu sono Senhor,
Se teu medo é a idolatria.
Pois em cada Deus que elejo,
Não é a outro que vejo.
Toda estátua que ergo, é a ti que ela copia.

Eis-me aqui, mais uma vez, entregue em teu altar!
Em oferta trago o filho mais moço (gostas?)
Embora sabendo que, na partilha do arrecadado,
É o meu corpo que é dado por vós,
Para o perdão dos teus próprios pecados.

Arranco de mim pedaços da carne que tu negaste
Tres vezes, eis-me aqui.  Na mão o açoite:
Uma em nome do pai, uma do filho, outra pro santo.
Mas se não é pra me livrar da culpa,
É pra não te saber herege, pra não descobrir teu manto.

Te culpei: me abandonaste! Mas só hoje vejo
Nos braços não podias me ter levado
Pois se Cristovão te carregou, e em teus ombros estava o mundo
Quem ficou para ser pisado ?
Para o teu gozo, eis-me aqui: um chão imundo.

Mas Senhor, já pensou se me levanto e ando?
Se dos olhos me caem as escamas?
Quem vai te colocar no colo? Quem vai te fazer dormir?
Oh... caíste?
Desculpe Senhor, não estou mais aí...



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